Há 23 anos, no dia 18 de janeiro de 2000, aconteceu uma das maiores tragédias ambientais no Rio de Janeiro. Devido a um rompimento de um duto da Refinaria de Duque De Caxias, aconteceu um vazamento de cerca de 1,3 milhão de litros de óleo combustível nas águas da Baía de Guanabara. A mancha de óleo se espalhou por 40 km², atingindo 23 praias e inclusive os manguezais de Guapimirim.

Até hoje não sabemos a dimensão dos impactos que afetaram fauna, flora e pescadores artesanais. A indústria do óleo e do gás, fundamental para o estado do Rio de Janeiro tem usado a Baía de Guanabara há décadas, mas lamentavelmente a segurança da população e do ecossistema nem sempre foi tratada com o cuidado necessário.
Mesmo sendo um dos locais que mais sofre descaso ambiental, a Baía de Guanabara ainda resiste, e sobrevive. Por isso, decidimos reservar essa data para celebrar fatos positivos, que mostram que ainda há salvação para nossa baía:
1. De 1985 e 2020, utilizando base de dados do Mapbiomas, o ICMBio chegou à conclusão de que o manguezal da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim ganhou incríveis 11 quilômetros quadrados de território em manguezal. Uma recuperação incrível!
2. Acredite: há três espécies de cavalos-marinhos habitando as águas da baía. Pesquisadores da Santa Úrsula inclusive encontraram o peixe, em fase de larva, dentro da APA de Guapimirim.
3. Você se lembra dos botos que acompanhavam as embarcações, antigamente? Pois os botos-cinza ainda moram na Guanabara. São aproximadamente 30 indivíduos, todos monitorados pelo Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores, da Uerj.
4. A pesca é ainda uma atividade muito intensa na baía. A vida marinha é bastante expressiva: 240 espécies de peixes, mais de 70 de aves. Por mês, pescadores tiram em média 500 toneladas de pescados de suas águas.
5. A bacia da Guanabara conta com 136 unidades de conservação de diferentes tipos e tamanhos, nas esferas municipal, estadual e federal. São 570 mil hectares protegidos: um território equivalente a 140 Parques Nacionais da Tijuca.
Ainda há uma jornada muito difícil a ser cumprida para fazermos da baía um espaço limpo, que não seja alvo de despejos de esgoto e que os animais voltem a circular como antes. Hoje, só temos inúmeras promessas não cumpridas de despoluição da região, mas a própria natureza nos mostra que é possível. Quem sabe no futuro, poderemos voltar a usar a Guanabara como um espaço turístico, inclusive para nadar?