O Instituto Onda Azul atua na gestão de projetos socioambientais e há 10 anos realiza o evento Cidades Verdes, cujo tema na edição de 2022 foi “ESG” aplicado à Construção de Cidades Sustentáveis. O evento, que teve sucesso de público, reuniu 24 especialistas, oriundos da academia, de empresas e do poder público para falar sobre o desafio ESG e assuntos correlatos, apresentando cases enriquecedores disponíveis hoje no canal do Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=v8aGwjkJKJ0).

A sigla, que significa Environmental, Social and Governance ou, em português, Ambiental, Social e Governança, vem causando um grande alvoroço no mercado financeiro, exigindo de especialistas do setor mais entendimento sobre indicadores sustentáveis além do econômico. O negócio está tão frenético que na recente busca que fizemos pelo tema, vimos que em 53 segundos ele foi encontrado 500 milhões de vezes. Mas quando o ESG passou a ganhar protagonismo?
Segundo o estudo ‘A Evolução do ESG no Brasil’ produzido pela Rede Brasil do Pacto Global e Stilingue, em 2019, pouco se falava sobre ESG e as discussões sobre a terminologia em ambiente digital brasileiro ainda eram restritas. Com pouco mais de 3.4 mil citações, 30% desse volume foi impulsionado pela imprensa tradicional e os "conteúdos” eram principalmente de cunho informativo, com distinções a respeito das diretrizes e compromissos estimulados pela iniciativa. Muito se dizia a respeito do comportamento estrangeiro e como os demais países estariam aplicando e reconhecendo as práticas da nova tendência.”
Ainda com base neste estudo, constata-se que foi no ano de 2020 que a discussão sobre ESG em ambiente digital ganhou um novo patamar, 22 mil conteúdos sobre o assunto foram registrados, mas ainda ficava clara a flexibilidade na conceitualização e no uso de terminologias para referenciar ESG. As oito mais utilizadas, em ordem crescente, foram: ‘Questões ESG’ (16%), ‘Agenda ESG’ (14%), ‘Critérios ESG’ (13%), ‘Movimento ESG’ (10%), ‘Iniciativa ESG’ (9%), ‘Políticas ESG’ (9%), ‘Fatores ESG’ (8%) e ‘Tendência ESG’ (7%). Afinal, o que é ESG?
Carlo Pereira, Diretor-executivo da Rede Brasil do Pacto Global da ONU, tem a opinião de que ESG não é uma evolução da sustentabilidade, mas é a sustentabilidade pelo ponto de vista dos negócios, conciliando à visão do mercado de capitais. E os critérios aplicáveis a essa agenda vêm sendo impulsionados por uma pressão global ditada pela necessidade de refrear impactos que culminaram no maior desafio para humanidade, o de mitigar impactos que estão provocando mudanças do clima em todo mundo. E quando esse movimento começou?
Dois documentos são citados como origem. Em 2004, Who Cares Wins (Quem se importa ganha) criado pelo ‘Pacto Global da ONU’ em conjunto com o ‘Banco Mundial’ e mais 50 principais instituições financeiras do mundo convida empresas a refletirem sobre formas de integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais. Em 2006, o ‘Princípio para o Investimento Responsável’, lançado pela Iniciativa Financeira do PNUMA e pelo ‘Pacto Global da ONU’, propôs que empresas fossem avaliadas não só em relação aos lucros obtidos, mas também pela capacidade de serem sustentáveis, o que nos remete ao documento ‘Our Common Future’ (Nosso Futuro Comum). Publicado em 1987, conhecido como ‘Relatório Brundtland’, foi ele que apresentou ao mundo um novo olhar sobre o desenvolvimento sustentável. Sustentabilidade pra cá, sustentabilidade pra lá…mas como o ESG se dá na prática?
O livro ‘The Triple Bottom Line’, publicado em 1994 por John Elkington, sugeriu às empresas começarem a ser responsabilizadas não só pelo seu impacto econômico, mas também pelo seu impacto ambiental e social. Uma má gestão de recursos naturais, má gestão de resíduos, contaminação de lençóis freáticos, exploração de mão de obra entre outros aspectos inerentes aos diversos segmentos industriais passaram a ser observados e demandaram da governança mudanças.
A adoção por empresas de uma política sustentável é demanda global, de investidores e de consumidores. Ao acessar os relatórios de sustentabilidade de empresas e conseguir enxergar avanços com relação a indicadores contemplados nos ‘Dez Princípios do Global Compact’, da ONU ou na ‘Agenda 2030 e seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável’ são pontos de virada. A inserção de ações sustentáveis conduzidas em suas diversas dimensões – não somente as ambientais, mas também as econômicas, sociais e culturais atendem a emergente demanda de manutenção de um mundo mais sustentável e “esguiano”.
Aqui os Dez Princípios do Global Compact separado em 4 eixos:
Direitos Humanos
As empresas devem apoiar e respeitar a proteção de direitos humanos reconhecidos internacionalmente.
Assegurar-se de sua não participação em violações destes direitos.
Trabalho
As empresas devem apoiar a liberdade de associação e o reconhecimento efetivo do direito à negociação coletiva.
A eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou compulsório.
A abolição efetiva do trabalho infantil.
Meio Ambiente
Eliminar a discriminação no emprego.
As empresas devem apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais.
Desenvolver iniciativas para promover maior responsabilidade ambiental.
Anticorrupção
Incentivar o desenvolvimento e difusão de tecnologias ambientalmente amigáveis.
Texto: Fernanda Cubiaco